Quantos corpos palestinianos estão na posse de Israel?

Corpos de palestinianos por identificar devolvidos por Israel ao abrigo do acordo de cessar-fogo. Hospital Nasser, em Khan Younis, Faixa de Gaza, 3 de Novembro de 2025. Créditos: thehindu.com /AP

Há um grande reboliço por causa dos corpos dos reféns que o Hamas ainda não entregou a Israel, mas praticamente não se fala – a não ser os próprios palestinianos – das centenas ou milhares de corpos palestinianos que Israel retém, alguns deles desde muito antes do ataque de 7 de Outubro de 2023.

Os reféns israelitas actualmente na posse dos movimentos palestinianos, todos sabemos quantos são: oito! Até agora, o Hamas entregou 20 dos 28 corpos que tinha em sua posse quando foi assinado o acordo de cessar-fogo. Em troca, Israel devolveu 270 corpos de palestinianos. Segundo a France Press, entre os 20 corpos que o Hamas devolveu, estavam os de dois reféns não israelitas (um tailandês e um nepalês), não tendo o Hamas recebido corpos palestinianos em troca.

Dados incertos

No início de Outubro de 2025, uma ONG palestiniana (The National Campaign for the Recovery of Martyrs’ Bodies), citada pela BBC, disse que Israel retinha pelo menos 735 corpos de palestinianos. Um pouco antes, final de Agosto de 2025, a WAFA (Agência Palestiniana de Notícias) citava a mesma ONG e referia que Israel retinha 726 palestinianos mortos em frigoríficos e nos chamados “cemitérios numerados”. Esta lista inclui os restos mortais de 67 crianças, 85 prisioneiros e 10 mulheres. A WAFA acrescentava que Israel retém ainda no campo de Sdei Teiman, os corpos de mais de 1 500 palestinianos da Faixa de Gaza desde o início da guerra em Gaza, em 2023. A 10 de Outubro de 2023, o exército israelita tinha dito, sem mais detalhes, que tinha encontrado “cerca de 1 500” corpos de palestinianos após o ataque do Hamas. Não se sabe o que aconteceu a esses corpos e se realmente é esse o número.

Luto

É fácil entender que os israelitas queiram os corpos de volta. Qualquer pessoa que tenha um familiar ou amigo na situação de refém, quer vê-lo de volta. É assim, mesmo com os mortos, para que tenham o funeral que lhes é devido e para que o luto possa ser feito. E é normal que assim seja.

Mas é igualmente normal que os palestinianos queiram os seus mortos de volta, para que possam ter um funeral igualmente digno e para que as famílias possam fazer o luto.

Acontece que, de há muito, Israel tem utilizado a retenção dos corpos de palestinianos como arma de guerra e de opressão, estendendo a política de punição colectiva ao extremo, castigando as famílias com a dor acrescida de ficarem impedidas de uma última despedida e do respectivo luto.

Ao que parece, é para continuar.

Pinhal Novo, 4 de Novembro de 2025

00h15

jmr

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